Glioma

O glioma é o tumor que tem origem nas células da glia, que têm como função proteção, nutrição e suporte aos neurônios, portanto, estes tumores podem ocorrer no encéfalo, medula espinhal ou junto a nervos periféricos.

Os sintomas apresentados pelo paciente com glioma irão depender da aérea do sistema nervoso central acometida pelo tumor (área motora, área visual , etc...). Os sintomas podem ser cefaleia, vômitos, alteração visual, fraqueza em um lado do corpo, alteração de fala ou coordenação dentre outros.

Os exames de neuroimagem são fundamentais para diagnóstico e plano terapêutico.

O plano de tratamento irá depender de vários fatores e deve sempre ser multidisciplinar. Paciente e médico devem esclarecer todas as dúvidas, riscos e benefícios de cada tratamento devem ser expostos. Alguns fatores que podem determinar o plano terapêutico são: sintomas clínicos do paciente, comorbidades e idade do paciente e tipo de tumor avaliado pela neuroimagem.

Procedimentos relacionados ao tratamento dos gliomas:

  • Biópsia estereotáxica: este procedimento se faz necessário para fechar o diagnóstico patológico de forma menos invasiva porém precisa. Sob anestesia um arco estereotáxico que possibilita calcular coordenadas cartesianas é colocado na cabeça do paciente, um exame de neuroimagem é realizado e o alvo da biópsia (tumor) é planejado e determinado pelo neurocirurgião. O paciente é levado ao centro cirúrgico e sob anestesia é feita uma biópsia intracraniana por agulha e retirados fragmentos do tumor para análise. O procedimento é encerrado e, após recuperação intra-hospitalar, o paciente recebe alta. O resultado da biópsia demora alguns dias e em consultório o resultado é apreciado e um plano terapêutico mais preciso pode ser traçado.
  • Microcirurgia intracraniana: quando indicada a microcirurgia ainda é a parte mais importante do tratamento. Para planejamento cirúrgico e otimização dos resultados o médico pode lançar mão de várias ferramentas:
    • Cirurgia de craniotomia com paciente acordado (“awake craniotomy”): alguns gliomas estão situados em áreas eloquentes, ou seja, áreas responsáveis por funções neurológicas nobres e que devem ser preservadas no processo de retirada do tumor. O principal exemplo é a área da fala. Quando indicada esta modalidade é útil, pois ajuda o neurocirurgião a remover a maior quantidade de tumor possível enquanto monitora em tempo real a função da fala. A monitorização da fala é feita através de mapeamento intra-operatório com eletrodos cerebrais onde um neurologista eletrofisiologista auxilia o neurocirurgião apresentando ao paciente situações que invocam a fala enquanto os eletrodos captam as ondas cerebrais e localizam fisiologicamente a área da fala. Desta forma, o neurocirurgião é capaz de proteger melhor esta região, o que aperfeiçoa o resultado funcional do paciente. É de suma importância a atuação conjunta interdisciplinar entre o paciente, equipe de neuroanestesia, neurologista eletrofisiologista e neurocirurgião.
    • Neuronavegação: o aparelho de navegação é útil para a localização anatômica do tumor. Esta ferramenta é indicada para tumores ou muito pequenos, ou muito profundos em que os parâmetros anatômicos apenas são insuficientes para localização precisa da lesão. O exame do paciente (tomografia de crânio ou Ressonância Magnética) é carregado no software do aparelho e através de um probe (como uma caneta) o neurocirurgião pode “navegar” pelo crânio localizando estruturas.

      Após a cirurgia e alta do paciente o resultado da análise do tumor (biópsia) é apreciado e um plano terapêutico é traçado a depender do tipo de tumor e grau. O paciente pode apenas ser seguido clinicamente ou pode ser indicada a terapia adjuvante (complementar): quimioterapia ou radioterapia/radiocirurgia.